Para quem não conhece, este concelho localiza-se no extremo Este do distrito de Braga, na fronteira entre Minho e Trás-os-Montes, com o rio Tâmega a marcar essa divisão. Cabeceiras de Basto distingue-se de outros concelhos do Minho pela sua dupla identidade marcada pela orografia: uma no Sul, de cotas menos elevadas, tipicamente minhota, um território mais urbanizado e desenvolvido, distinguido pelo povoamento disperso, pontuado por casas solarengas e uma imensa paisagem agrícola marcada pela vinha; a outra a Norte: em zona de montanha, tipicamente transmontana, mais pobre e pouco povoada, caracterizada pelo povoamento concentrado e em seu redor, os lameiros de regadio.
Na globalidade do concelho existe uma grande variedade de recursos de interesse natural e cultural, mas na minha opinião, é no norte em plena Serra da Cabreira, que está o grande valor desta terra: as aldeias de montanha!
Carrazedo, Bucos
Em 1938 esteve perto de ganhar o Galo de Prata no concurso da “Aldeia mais portuguesa de Portugal“. Trata-se de uma aldeia que ainda conserva um bom núcleo de casas com a traça original, mas o que a torna muito especial é o seu enorme espigueiro, talvez o maior de Portugal!
Busteliberne, Cabeceiras de Basto
Segundo o historiador Leite de Vasconcelos, este curioso topónimo terá derivado de Busto do Liberne (o liberne é uma espécie de gato selvagem). Devido ao seu valor arquitetónico, esta aldeia está protegida por um Plano de Pormenor e faz parte do roteiro das Aldeias do Norte de Portugal.
Torrinheiras, Abadim
A aldeia mais alta de Cabeceiras de Basto! A aldeia das Torrinheiras já se encontra a mais de 1000 metros de altitude e está na fronteira do concelho com Montalegre. É um aglomerado muito pequeno, mas com um enquadramento fantástico. Dê um passeio pela rua central, admire o cruzeiro de cronologias proto-históricas e medievas e suba ao Alto das Torrinheiras nos seus 1.191 metros.
Moscoso
A aldeia de Moscoso está voltada para um dos locais mais belos do concelho: o vale da Ribeira de Cavez! É neste vale que se encontra um morro granítico em forma de bico, que é conhecido por Nariz do Mundo, e foi este mesmo nome adotado pela adega regional da aldeia, que se tornou num caso de sucesso regional, trazendo todos os fins de semana autocarros cheios de gente. Posta à barrosã, chanfana e cozido à portuguesa são alguns dos pratos que estão ao nosso dispor. Junto da aldeia existem umas cascatas que combinam harmoniosamente com o verde dos lameiros. Está à espera de quê?
Uz, Vilar de Cunhas
A aldeia da Uz, chama logo a atenção pelo nome curioso (consta-se que deriva da palavra urze). Andando pelas suas ruas estreitas, sentimo-nos transportados para uma época remota. Admire a arquitetura rústica das casas e não pode deixar de passar no Fojo (já em direção ao Samão), uma armadilha com centenas de anos, que servia para caçar os lobos, que tão frequentemente assolavam os moradores e gado da povoação.
Samão, Gondiães
A aldeia do Samão fica na parte mais a nascente do concelho, já não muito longe do de Ribeira de Pena. Para além do interessante conjunto de casas antigas, espigueiros e moinhos, é pela famosa Festa das Papas, que atrai visitantes. Em todos os anos ímpares, no dia 20 de janeiro comem-se as papas, o toucinho e a broa, em promessa a S. Sebastião por ter livrado estes povoados de montanha de uma peste que tinha assolado pessoas e animais.
Como chegar
A7 quem vem por Porto (A3), Braga (A11) ou Vila Real (A24), saída em Arco de Baúlhe. Acessos pelas Estradas Nacionais EN 205, EN 206, EN 210 e EN311.
Gastronomia
Cabrito assado, posta à Barrosã, bacalhau assado com batatas a murro e enchidos. Nos vinhos, reina o vinho verde, que faz parte da região demarcada de Basto. Nas doçarias temos o mel, as compotas e o pão de ló.
Por: SAPO.PT, Pedro Henriques